Alberto Fernández sempre foi um dos amigos mais próximos dos presidentes da região que Luiz Inácio Lula da Silva já teve. Acompanhou-o nos seus momentos mais fracos, impulsionou a sua campanha presidencial em fóruns internacionais, visitou-o logo que ganhou as eleições, sendo o primeiro a reconhecê-lo internacionalmente, e agora homenageia o seu camarada convocando a Celac. Depois de permitir que os eventos de Brasília em 8 de janeiro aconteceram para conseguir reunir a opinião internacional a seu favor por meio da vitimização, ele agora consolida sua liderança com a presença na Celac pelas mãos de Fernández e Gustavo Petro. Analisemos alguns aspectos desse fato político.
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O realinhamento das forças políticas na região que presenciamos em Buenos Aires foi o desmantelamento do impacto regional da política externa brasileira encabeçada pelo ex-chanceler Ernesto Araújo nos primeiros anos do governo jair Bolsonaro. Sua política de aproximação com os EUA e de aproximação com os países do sul, buscava enfrentar a esquerda, desarticulando sua influência ao manter isoladas as ditaduras do continente. No entanto, a decisão do presidente Bolsonaro de mudar sua política externa devido a pressões internas acabou com esse esforço que certamente traria consequências positivas para os hispano-americanos e sua qualidade de vida.
Assim sendo, e a esquerda se tornando maioria, eles pretendem restaurar sua agenda de normalização do totalitarismo e desmantelamento das democracias nas Américas. Nesse esforço, buscam incorporar o jovem presidente do Chile que, apesar de ser de esquerda e querer obrigar sua população a fazer uma série de mudanças verdadeiramente radicais em sua Constituição nacional, acusou a ditadura de Maduro de violar os direitos humanos. Isso tem despertado publicamente a antipatia do chavismo, porém, é algo que Fernández, Lula e Petro podem resolver sem maiores obstáculos para unir seus propósitos continentais.
Neste retorno de Lula à Celac, o mais triste para ele foram as ausências dos ditadores Maduro e Ortega. Lembremos que o Judiciário no Brasil proibiu na campanha presidencial associar Lula a ditadores e perseguiu aqueles que o fizeram. Por sua vez, os exilados protestaram junto com líderes da oposição local para rejeitar a presença desses agentes do totalitarismo hispano-americano. Maduro e Ortega recuaram, mas o ditador Miguel Díaz-Canel compareceu.
E quem mais perdeu com esse esforço foram os americanos. Com sua política externa voltada para o enfraquecimento da influência dos Estados Unidos no mundo, recentemente propuseram, na voz do chefe do Comando Sul, que estariam dispostos a fornecer armas norte-americanas às ditaduras da região – aliados da Rússia – se derem suas armas russas aos ucranianos. Em todo caso, é o Partido Comunista chinês que se projeta ter maior influência em nossa região com esta nova etapa que a Celac está iniciando. Sobre isso, a agência oficial de notícias Xinhua relata o diretor do Centro de Estudos e Formação Marxista Héctor P. Agosti, Marcelo Rodríguez, “a conexão entre a China e os países da região através da plataforma oferecida pela Celac é muito simbólica, mas vai além porque também há fatos concretos, com acordos e propostas para aprofundar a cooperação entre as partes.” Você tem que ver que até o presidente do Uruguai está questionando o Mercosul para fazer um acordo de livre comércio com a China.
Com uma moeda comum que substitua o uso do dólar nas transações comerciais e financeiras, os países do Brics serão o eixo que normaliza o totalitarismo como os sistemas de governo preferidos para avançar para um maior controle dos meios de produção globalmente?